José Batista Leite Neto, hoje com 82 anos, jogou a primeira edição do torneio em 1957 aos 16 anos e conquistou cinco títulos
Mais uma edição do Torneio 1º de Maio chega ao fim em Arapongas – PR, nesta quarta-feira (1º). Iniciado em 1957, o tradicional torneio de futebol amador chega a edição número 65 tendo acumulado marcas, histórias e personagens.
Um dos personagens mais marcantes na história da competição é o motorista aposentado José Batista Leite Neto, de 82 anos. Mais conhecido na cidade como “Zé Pequeno”, ele possui uma marca grande na competição, sendo a pessoa que mais disputou edições do torneio na cidade: são 54 participações.
Aos 16 anos de idade, “Zé Pequeno”, que é paulista da cidade de Promissão (SP), estreou logo na primeira edição do 1º de Maio na cidade em 1957, jogando pelo Clube Atlético Pinheiral, que tinha como sede a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, hoje Fazenda Solana.
Apesar do título de 1957 ter ficado com o Corinthians Paraense, “Zé Pequeno” mantém boas memórias dos primórdios do campeonato, que segundo ele era muito marcado pela rivalidade entre os times da área rural e urbana.
“Geralmente, naquela época, era muito marcado porque a turma da cidade queria vencer e convencer os caras do sítio. E a gente que morava no sítio não queria perder, né? Hoje em dia é tudo misturado, mas de primeiro era separado, zona rural e zona urbana. Então tinha essa rivalidade, cidade contra sítio”, afirma ele.
Os anos foram passando e “Zé Pequeno”, que jogava em todas as posições do campo, foi acumulando edições disputadas e também títulos ganhos. Cinco vezes campeão, ele foi um dos atletas mais vitoriosos da história do torneio. Desses, foram dois títulos ganhos com o Atlético Pinheiral, um no Uliana Futebol Cube, um no São Paulo do Giocondo e outro pelo Alvorada, da Vila Aparecida.
No Alvorada, considerado um dos times mas fortes que a cidade já teve, Zé Pequeno foi convidado a jogar pelo ex-radialista e hoje vereador de Arapongas, Milton Xavier, o Toxinha, que na época era atleta e dirigente do time.
Mas antes de criar a história grandiosa no futebol amador da cidade, o então adolescente José, chegou a ter a oportunidade de assinar um contrato profissional com o Arapongas Futebol Clube em meados da década de 60. No entanto, ele resolveu não entrar no time.
“Naquela época, o Arapongas disputava a Primeira Divisão. A gente também não pensa muito bem, né? Mulecão de tudo. Era para mim assinar contrato com o Arapongas como profissional, mas na hora de assinar, eu não quis ir. Já estava tudo certo, mas aí eu achei que ia sentir saudade dos meus colegas e não fui”, contou ele.
Porém, apesar da recusa da profissionalização, o futebol permaneceu presente, sendo algo levado muito a sério e priorizado por ele durante a vida. Tanto que chegou a trocar a lua de mel para ir jogar bola no dia seguinte ao próprio casamento. “Eu casei num sábado, no domingo já fui jogar bola. Era o time da fazenda, a gente falou que ia jogar e fomos jogar. Não tinha lua de Mel, não tinha nada”, disse.
Além do 1° de Maio, Zé Pequeno também jogou vários outros campeonatos amadores da cidade, tanto nas modalidades de futebol de campo, quanto futsal e futebol suíço. Ele afirma que só parou de jogar quando estava com por volta de 70 anos e precisou fazer uma cirurgia no joelho.
Apesar do tempo, Zé Pequeno ainda permanece confiante e convicto de que foi um jogador habilidoso e difícil de ser marcado. “Eu nunca achei cara para me marcar. Falo muitas vezes, os caras não acreditam. Mas não tinha, podia ter 2,3,4, para mim era a mesma coisa. Eu era rápido e driblava para frente, não era igual esses jogadores que driblam para trás não. Quantos e quantos gols eu driblava todo mundo, o goleiro ficava lá e a bola ia no gol”, afirmou.
Todo o tempo jogado e a confiança na habilidade, faz inclusive que ele acredite que possa ter feito mais gols que Pelé. Se eu for falar para você eu acho que eu fiz mais gols que o Pelé. Porque eu joguei muito tempo”, finalizou.
Por: Gabriel Carneiro
FONTE :- tnoline.uol.com.br